sábado, 7 de novembro de 2015

Tutorial: anágua de cordão


     A anágua de cordão (corded petticoat) foi usada principalmente entre 1820 e 1850, antes da criação das crinolinas, para dar suporte às saias e vestidos vitorianos. Era usada junto de outras anáguas (como a recheada com crina de cavalo - quilted petticoat, com babados, etc) e o bumpad. Haviam diferentes formas de arranjar os cordões, assim como a espessura dos mesmos variavam. O comprimento em geral era no meio da canela.
   Exemplos de modelos históricos:
 

c.1828 Corset, Sleeve supports & corded petticoat

Apesar de ser uma peça que precisa de um pouco de paciência pra ser feita, é bem fácil e dá até pra ser feita à mão (como era na época).

Materiais:
  •  2,5m de tricoline ou algum outro tecido de algodão. Para que ficasse mais armado, eu usei um algodão já engomando onde vão os cordões e um comum na parte sem eles, para que ficasse mais confortável na hora de sentar.
  •  Cordão de algodão ou sisal. Quanto mais grosso o cordão, mais armado fica. Eu usei um rolo de aproximadamente 25m de um cordão de 10mm pra parte de baixo e  pra parte de cima uns 10m com um cordão de 8m
  •   1,10m de fita de cetim, gorgorão e afins.
  •  36cm de viés branco.
  • Sapatilha de máquina para zíper invisível
  • Linhas, giz ou lápis pra marcar o tecido, alfinetes etc.
As medidas e quantidades podem variar de acordo com o tamanho da pessoa.

Molde:

     O molde da anágua de cordão é bem simples - um retângulo - o que varia é o comprimento, largura, e distância entre os cordões. Quanto mais próximos os cordões, mais armado fica, e quanto maior a largura idem. Todas as medidas desse post são aproximadas, baseadas em alguém de 1,73 cm de altura e manequim 42. Caso você seja mais baixa algumas medidas precisam ser alteradas. 

     O molde abaixo é o que funcionou pra mim, e eu marquei essas linhas diretamente no tecido, após alguns cálculos e esboços.



     Os espaços em verde indicam onde o cordão deverá ser costurado, nesse caso, marque duas linhas com 3cm de distância entre elas, a cada 6cm.

     Abaixo uma tabela com medidas e materiais de anáguas de cordões da época:



Tabela por Historical Sewing.

Passo a passo:

1-  Primeiro trace as linhas do molde no tecido, para saber onde posicionar o cordão e onde costurar.
2-  Depois de trocar a sapatilha,posicione o cordão para costurá-lo entre o tecido. Repare como o lado da agulha precisa ficar rente ao cordão. Como eu não tenho certeza se a foto ficou clara, deixo abaixo um desenho ilustrando:




3-Agora é só costurar, prestando atenção pra manter o cordão dentro das linhas delimitadas, a costura deverá passar nessas linhas também.

4 - Chegando ao final da carreira recomendo que corte o cordão com uns 3 ou 4cm sobrando para fora do tecido, porque ele tende a desfiar.



5 - Terminada a costura dos cordões, agora é hora de juntar a parte com os cordões com a outra que vai na região do quadril, através de uma costura simples (se você esta usando somente um tipo de tecido, pule este passo).  A partir desse momento você já pode tirar a sapatilha de zíper  e colocar a comum.

6 - Faça a barra da parte com os cordões. Como eu deixei auréola do tecido embaixo, eu só dobrei uma vez e passei a costura.




7 -  Aplique o viés nos primeiros 15cm da parte superior da saia, pra dar acabamento. Não tenho foto do processo então vai mais um desenho:



8 - Costure as laterais deixando a parte com viés sem costurar, para que assim fique um abertura pra facilitar na hora de vestir. Para facilitar na costura, recomendo que deixe os cordões desalinhados como na foto:

 


9 -  Para fazer o cós é preciso dobrar a ponta do tecido como na imagem abaixo, e depois. Depois, usando um alfinete de segurança, passe a fita por dentro dessa canaleta que foi formada.





10 – E está pronta a sua anágua de cordão! Como o franzido da saia fica móvel na saia, você pode direcionar o volume de acordo com o efeito que pretende reproduzir.

   


domingo, 1 de novembro de 2015

Resumo das leituras de outubro - Halloween



   Eu adoro o Halloween! Além de gostar de praticamente qualquer ocasião que me permita usar roupas diferentes, amo as festas temáticas, as comidas decoradas etc. Em outubro perco a conta de quantas vezes trechos da música "This is halloween" ficam na minha cabeça.

    Dessa vez em outubro resolvi ler apenas livros com temáticas que combinem com halloween, ou seja: livros de horror, mistério, com seres sobrenaturais e bruxos. Me inspirei na Tatiana Feltrin, que sempre faz o mês do horror em seu canal.

    Não vou colocar sinopses ou resenhar os livros aqui, mas sim dizer o que achei de cada um deles, a intenção é ser mais direta mesmo. Caso queira ler a sinopse é só clicar no link do titulo do livro. Enfim, o que eu li esse  mês:

Quadribol através dos séculos (sinopse):

    Começando por um livro que trata sobre bruxos. Esse fala sobre Quadribol, o esporte mais famoso do mundo que a J. K. Rowling criou. Pra ser sincera quadribol nunca foi um esporte que me atraiu muito enquanto li ou assisti Harry Potter por isso foi o livro que deixei por último. Mas acabei me surpreendendo com o quão agradável é a leitura, a Rowling poderia escrever sobre grama e ainda assim eu acharia muito interessante. Além de agradável é um livro bem humorado e rápido de ser lido. Nota 3/5

Diários do vampiro - Almas Sombrias (Sinopse)

    Que. Preguiça. Eu já havia desanimado com o primeiro livro dessa nova trilogia, mas o segundo conseguiu ser ainda mais tedioso. Cheio de clichês, situações absurdas (como a Elena estar em um lugar equivalente ao inferno pra salvar o namorado e parar pra se arrumar e depilar, oi?) e partes desnecessárias. Acho que se não fosse o Damon e a Meredith seria insuportável ler essa série. Nota 2/5.

O cemitério (sinopse)

    De longe a melhor leitura do mês! Stephen King não me decepciona. Eu li o livro achando que a história seria uma coisa mas na verdade acabei me surpreendendo bastante! Gostei da forma como o terror aparecia de forma intercalada no livro, com partes mornas onde apenas coisas corriqueiras acontecem para de repente aparecer alguma cena bizarra e assustadora no meio. Isso me fez ficar tensa durante todo o livro, o que foi incrível. Nota 5/5.

Histórias de Horror (sinopse)

    Esse é uma coletânea de contos, sendo a maioria do século XIX ou do início do século XX. Mas ao contrário do que diz o título do livro não são apenas contos de horror, mas sim alguns com elementos sobrenaturais, de suspense e afins. Como eu esperava ler apenas contos assustadores acabei me decepcionando um pouco, mas destaco O Cirurgião de Gaster Fell, de  Sir Arthur Conan Doyle, e Os fatos no caso do Sr. Valdemar, do Edgar Allan Poe, pra mim esses foram os melhores. Nota 3/5.

O senhor das moscas (sinopse)

    Assim como O cemitério, é um livro que me surpreendeu positivamente, à medida que eu tinha imaginado que a história se desenvolveria por um caminho e o que aconteceu foi bem diferente do que imaginei. O livro passa uma certa apreensão, e conforme vemos  as mudanças que as crianças sofrem na ilha e a sua preocupação com monstros e tudo mais você acaba entrando na mente delas e se questionando sobre o que acontece de fato lá. Nota 3/5

Noite das bruxas (sinopse)

    Esse eu ainda não terminei, mas resolvi incluir no post porque é o único livro que está diretamente ligado ao Halloween, já que é como o livro começa, já que o crime acontece durante uma festa de Halloween. Até agora estou gostando.

    Bem, essas foram minhas leituras. Não costumo postar o que leio no mês mas achei dessa vez seria interessante já que todos os livros estavam relacionados de alguma forma. Espero que tenham gostado. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Recriação Histórica: comportamento e etiqueta do século XIX em Our Deportment, parte II

Parte 2: Encontros






    Continuando a série de posts sobre etiqueta (caso você não tenha visto o primeiro clique aqui), esse vai ser sobre as regras de comportamento relacionadas a encontros, incluindo assuntos como saudações, conversação, etc




Capítulo III: Apresentações



- Só apresente alguém que você conhece e sabe que é uma boa pessoa, para evitar problemas futuros.
- Se você está na casa de um amigo, as pessoas ali podem lhe ser apresentadas, pois já são vistas como repeitáveis, visto que seu amigo as convidou.
- Deve-se apresentar o homem à mulher, o jovem ao mais velho, e o ‘inferior’ ao superior.
- Ao apresentar alguém, dizer algo sobre sua ocupação é de bom tom, porque assim é possível introduzir uma conversa entre os dois convidados.
- Uma simples inclinação de cabeça já é o suficiente depois de ser apresentado, um aperto de mão é opcional.
- A mulher só deve oferecer sua mão caso o homem que lhe foi apresentado seja alguém estimado por quem o apresentou, ou caso ela seja a anfitriã e queira demonstrar cordialidade.




Capitulo IV: Saudações



- Na Inglaterra e na América existem três formas de saudar alguém: a inclinação, o aperto de mão e o beijo.
- Se você conhece a pessoa pouco, incline-se pouco. Inclinar-se ao conhecer ou reconhecer alguém é um importante sinal de boa educação. Junto da inclinação de cabeça deve-se dizer um ‘bom dia’ ou ‘como vai?’.
- Saudar alguém apenas com um sorriso não é algo bem visto.
- Entre amigos o aperto de mãos é o cumprimento mais usado. A mulher que deve oferecer sua mão, caso o homem seja seu amigo.
- O beijo é a saudação mais afetuosa e é dado somente em relações próximas e amigos queridos. O beijo é dado na bochecha ou testa, e nunca deve ser feito em público. O beijo na mão está praticamente obsoleto.








Capítulo VIII: Conversação 



- O caráter de uma pessoa é revelado numa conversa tanto quando qualquer outra qualidade que ela possua.
- Ter uma boa memoria é importante para manter uma boa conversa. Lembre-se dos nomes das pessoas, pelo menos.
- Para ter uma boa conversa é preciso ouvir atentamente, ser observadora, estudar e ter uma boa memoria.
- Ser um bom ouvinte é importante. Demonstre interesse no que te dizem e nas pausas diga algo que dê a entender o que você está entendendo o que o outro está falando.
- Evite gírias, exageros, uso de palavras estrangeiras, vícios de linguagem.
- Seja simpático e alegre.
- Elogie aqueles iguais a você ou numa posição abaixo, mas apenas se o elogio for sincero.
- Não seja pedante ou ostente um conhecimento.
- Evite perguntas impertinentes. Diga "Espero que seu irmão esteja bem" ao invés de "Como está a saúde do seu irmão?".
- Evite assuntos polêmicos.
- Não aponte os erros de linguagem dos outros.
- Não pergunte o preço das coisas que alguém está usando a menos que seja alguém próximo e por um bom motivo
- Não monopolize a conversa




Capítulo IX: Dando e indo a jantares



“O jantar deveria ser considerado uma das belas artes.” Apesar de jantares serem considerados entretenimento de pessoas casadas ou de meia idade, é sempre agradável ter jovens e solteiros entre os convidados.
- Os convites devem ser feitos por cartões entregues pessoalmente e com dois a dez dias de antecedência.
- Os convites devem ser respondidos assim que recebidos.
- Ser pontual é obrigatório, não chegue nem muito cedo nem muito tarde. 15 minutos é o máximo que se pode esperar por algum convidado.
- Um bom anfitrião deve garantir que a conversação seja mantida durante todo o encontro.
- Mantenha a boca fechada ao comer. E evite fazer barulhos enquanto come ou bebe.
- Você esta livre para recusar algo que lhe é oferecido para comer, mas não fique brincando com a comida depois que você a recebe.
- Não fique brincando com os talheres na mesa
- É uma marca da grosseria palitar ou limpar os dentes à mesa




    Essa parte relacionadas a encontros é bem extensa, afinal no livro tem capítulos dedicados a várias situações, de festas a velórios. Selecionei regras relacionadas a momentos mais corriqueiros, para não deixar o post demasiadamente longo.



domingo, 18 de outubro de 2015

1880's late victorian.

Traje da década de 1880 composto de saia, sobressaia e corpete feitos em tafetá, com detalhes em guipir, ambos feitos por mim. Como roupa de baixo uma combinação, bustle pad e anáguas feitos por mim, corset da Josette Blandchard e gargantilha da Empório Anacrônico, demais acessórios foram compradas e lojas comuns.

Principais inspirações: Penny Dreadful, Entrevista com o Vampiro, trajes de baile de 1880's.

Posts relacionados: Traje vitoriano tardio 1880s (mais sobre a inspiração e processo de costura).




Fotos por Valdeir Neto:



Fotos por Italo Vinícius:





Fotos por Cleusa Vargas:



Caso pretenda postar as fotos em algum outro lugar por favor me avise  e mantenha o crédito dos fotógrafos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Traje vitoriano tardio 1880s

Inspiração:

    A ideia principal era fazer um vestido o mais fiel possível à época (década de 1880), porém que pudesse ser incorporado ao filme do Drácula de Bram Stoker, Entrevista com o Vampiro ou Penny Dreadful sem chamar muita atenção, rs. Ou seja, um late victorian com ar vampiresco/dark. No meu painel do pinterest juntei dezenas de referências, mas aqui vou colocar só as principais: 


    O desenho que eu fiz no final foi esse abaixo. Depois desse eu ainda desenhei cada peça separadamente para que eu pudesse me guiar na hora de fazer os moldes.



Underwear:


    Como roupa de baixo resolvi usar uma combinação, corset, anágua lisa e bustle pad. Para a combinação minha principal inspiração foi essa ilustração, de um catálogo de 1880s. O corset já falei sobre ele aqui e a bustle pad usei pra substituir o uso de um bustle/anquinha em aço.

     Fiquei completamente apaixonada por essa combinação, veste super bem. Dá vontade de usar o dia todo, rs. 

Vestido



    Chamo de vestido mas são três peças: corpete, saia e sobressaia. A saia preta é um modelo que era chamado de walking skirt (ou saia de passeio, em português), feita em tafetá e com um bolso na lateral. Fiz esse modelo já pensando em usá-la separadamente em outros trajes. A sobressaia (também em tafetá) é do tipo bustle, com a parte de trás presa em fitas pra formar esse drapeado. O corpete é costurado junto com uma camada de brim e tem forro (em percal) e barbatanas. Atrás é fechado por uma amarração espiralada nas costas, assim como era usado na época. 


    Como vocês podem notar o decote e as mangas saíram diferente do planejado.Fiz testes da manga e drapeado do decote com o chiffon preto e não ficou satisfatório, então resolvi fazer sem esses detalhes mesmo, e acrescentei o guipir. 

Acessórios e cabelo:


    Na imagem estão minhas principais referências para o penteado e acessórios. Tinha gostado da ideia de usar uma gargantilha com camafeu então para combinar usei brincos e um anel nessa temática. No cabelo coloquei duas rosas falsas e no braço usei uma pulseira de 'brilhantes'. Para um traje de baile, o ideal seria usar luvas claras porém optei pelas pretas por combinarem mais com o vestido. A capa foi encomendada na Josette Blandchard e a gargantilha é da Empório Anacrônico.

Foto por Valdeir Neto

Resultado final:

Fotos por Cleusa Vargas, Ra Belchior e Cleusa Vargas, respectivamente.

   Fiquei beeem satisfeita com o resultado final, apesar de não ter saído como planejei inicialmente. Realmente só o decote que mudaria, pra deixar mais profundo. Também pretendo acrescentar uma anágua própria bustle para que a saia fique com um caimento ainda mais bonito. De qualquer forma, esse já é um dos meus trajes preferidos e acredito que consegui esse feeling vampiresco que era a intenção.

Principais referências: 

Corpete:
https://www.youtube.com/watch?v=v9kGyZDWZcA
https://www.youtube.com/watch?v=m1z8MXAvM1M
Apostila de modelagem SENAI
Hecklinger's ladies' garments, Charles Hecklinger (livro)
http://augustintytar.blogspot.fi/2013/02/1882-ball-gown.html

Sobressaia:
http://kristinameister.com/2013/05/25/creating-a-victorian-bustle/
http://sewinginwalden.blogspot.com.br/2013/06/ladies-costume-iii-1888.html
The cut of women's clothes, por Norah Waugh
Patterns of fashion, Janet Arnold (livro)
http://historicalsewing.com/tutorials/how-to-make-an-1870s-bustle-skirt

Saia:
The cut of women's clothes, Norah Waugh (livro)
Hecklinger's ladies' garments, Charles Hecklinger (livro)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Austenland: livro e filme

"As coisas não estão indo tão bem, e cada vez que os homens da sua vida te decepcionam, você deixa o Sr. Darcy entrar um pouquinho mais. Talvez você tenha chegado ao ponto de estar tão ligada à ideia daquele patife que não fica satisfeita com menos”



    Pense em uma mulher que já teve diversas frustrações no amor e relacionamentos, e que acaba desenvolvendo uma certa obsessão pela obra de Jane Austen, onde os romances sempre terminam em finais felizes e os homens são perfeitos cavalheiros. Agora tente imaginar que essa mesma mulher tem a chance de passar 3 semanas em um lugar onde ela pode viver todas as suas fantasias regenciais, acreditando que assim se livrará de sua obsessão. Essa é a premissa de Austenland, livro escrito por Shannon Hale. O livro, que chega ao Brasil como Austenlândia tem 240 páginas e é publicado pela editora Record.

    A personagem principal se chama Jane Heyes, uma mulher na casa dos 30 anos e que é o que chamam de solteirona convicta; acredita que está bem sozinha e assim pretende ficar. Acontece que o que poucos sabem é que ela é obcecada por Orgulho e Preconceito e mais especificamente a adaptação feita pela BBC em 1995, com Colin Firth. E essa obsessão faz com que ela se sinta cada vez mais frustrada em seus relacionamentos, já que nenhum homem que ela conhece chega aos pés do Mr. Darcy.

    Porém uma tia que perspicazmente percebeu o segredo de Jane dá a ela uma oportunidade única: passar 3 semanas em Austenland, uma mansão que recria os hábitos da regência (época de Jane Austen), com direito a roupas de época, passeios em jardins e bordados, e que conta com atores contratados para interpretarem os cavalheiros dos romances do início do século XIX. Apesar de inicialmente ficar em dúvida sobre ir ou não, Jane decide pela primeira opção ao perceber que essa pode ser a sua chance de se livrar de uma vez por todas dessa obsessão que está começando a atrapalhar sua vida.

   Quem sabe após viver um romance com algum ator ela não deixa de lado essa história, e passa a prestar mais atenção aos homens da vida real? Então, ao mesmo tempo em que acompanhamos Jane em sua aventura, ao longo do livro ela nos apresenta a todos os seus ex-namorados e porque cada um desses relacionamentos não deu certo.

Minha opinião sobre o livro (spoilers).

    O que eu achei bem interessante nesse livro é como ele foi desenvolvendo esse conceito de realidade versus ficção, já que no começo fica difícil até mesmo para nós leitores distinguir o que é real do que é atuação lá em Austenland. Também é divertido ir percebendo as semelhanças entre algumas partes da história e a obra de Jane Austen. Adorei poder ver o amadurecimento da personagem ao longo da história, que além de ir refletindo sobre sua paixão por um personagem fictício e as expectativas que ela gera, durante a sua estada em Austenland repensa  sua identidade. Algumas citações do livro exemplifica bem esse desenvolvimento:

“As coisas não estão indo tão bem, e cada vez que os homens da sua vida te decepcionam, você deixa o Sr. Darcy entrar um pouquinho mais. Talvez você tenha chegado ao ponto de estar tão ligada à ideia daquele patife que não fica satisfeita com menos” Molly, p. 13

“Não existe Sr. Darcy. Ou, mais precisamente: O Sr. Darcy seria na verdade um idiota chato e pomposo” Jane, p. 130

“Quero ser feliz. Antes eu queria o Sr. Darcy, pode rir de mim e quiser, ou a ideia dele. Alguém que me fizesse sentir o tempo todo como eu me sentia quando via aqueles filmes.” Jane, p.230

“ Srta Hayes, você parou para pensar que pode ter entendido tudo errado? Que na verdade você é a minha fantasia?” Henry Jenkins p.230
(fim dos spoilers)

Filme:



    O filme é divertidíssimo! Eles resolveram investir mais no tom de comédia do livro e acabaram exagerando na personalidade de alguns personagens, tornando-os caricatos. As mudanças que eles fizeram em relação ao livro pra mim só serviram para que a história fluísse menor. Existem só duas mudanças significativas, como (spoiler) o fato de no livro o Henry Noble ser um ator porém no filme ele ser apenas um professor de história, e também a obsessão de Jane, que no livro é escondida mas no filme escancarada (fim dos spoilers)

Citações do filme:

" É um hobby - Jane
  É bizarro - Molly"

"Eu estou solteira porque aparentemente os únicos homens que prestam são fictícios." Jane

(spoilers)
"Você não me irrita. Me deixa nervoso" Mr. Nobley
" Não importa se você é real ou não. Você foi perfeito" Jane
" Eu sou completamente louco por você" Henry Nobley.
(fim dos spoilers)

Concluindo:

    Em resumo: o livro é divertidíssimo, devorei ele em menos de dois dias, não consegui largar. Acho incrível como a autora trabalha a questão da expectativas que romances podem criar versus a realidade dos relacionamentos modernos de uma forma bem descontraída e cheia de humor. Semcontar que o livro/filme é um prato cheio pra quem gosta da obra da Jane Austen ou é revivalista. É o tipo de história que ao terminar você fica querendo mais.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Desafio de costura histórica: Corpete 1840s - Traje Jane Eyre

    Sim, eu pulei o desafio #5. Não deu tempo de fazer nada no tema  =/. Ainda estou pensando se ainda faço o tema do 5 (praticidade) ou se em algum mês faço dois itens do mesmo tema pra compensar. O tema do desafio #6 é 'Fora da sua zona de conforto', e o corpete do último traje que fiz se encaixa completamente nele.

Inspiração


    Utilizei como referência o figurino de Jane Eyre, sendo mais específica esse da imagem acima. Já queria fazer algo relacionado a Jane Eyre por conta do tema do evento (literatura do séc. XIX), mas o modelo do vestido decidi quando encontrei um tecido xadrez e vi que era parecido com um dos que vi no filme. A título de curiosidade, apesar de a história se passar na década de 1830, os figurinos são de 1840s, por escolha do figurinista.

Molde e corte



    Para o molde, usei como referência o do Patterns of Fashion e também dei uma olhada no The Cut of Women's Clothes. Mas no final das contas acabei traçando o meu do zero usando uma apostila que tenho, por conta da praticidade já que eu não teria tempo de fazer uma peça piloto.

    Em relação ao corte, foi um desafio conseguir reproduzir a forma como o xadrez era disposto nos moldes. Envolveu muita observação, marcas no molde e tecido e ainda assim tive uma peça cortada errada. O fato de o tecido acabar esticar não só no viés mas também na largura acabou dificultando um pouco mais.

Costura e acabamento



    A costura foi uma aventura, rs. Porque por não ter feito uma peça piloto então fui do molde direto pro tecido que eu iria usar, tendo que aprender a fazer os detalhes na hora. O corpete é forrado em tricoline e tem barbatanas de plástico. A gola e a parte de baixo finalizei com viés e nas costas ele é fechado com zíper mesmo. 


    Para fazer o franzido na parte da frente (shirring) eu usei fitas de cetim por dentro. Usei a mesma técnica nas mangas. Só consegui dar o efeito certo na terceira tentativa. Na primeira tentei franzir só com linha, como provavelmente era feito na época; na segunda tentei com elástico e só depois decidi fazer com as fitas de cetim.



     A saia já foi mais tranquila de fazer, porque eu já tinha feito algo semelhante. Ela é pregueada e fechada com colchetes. Também coloquei colchetes pra prender o corpete e a saia evitando que mostrasse o corset por baixo conforme eu me mexesse. 

Underwear

    Como esse traje é quase da mesma época de um dos meus trajes vitorianos, muita coisa que eu já tinha consegui reaproveitar. Por baixo do vestido eu usei chemise e drawers (já falei delas aqui), bumpad, anágua de cordão e anágua comum (post) e o corset optei por usar um de 1890, que mesmo sendo anacrônico iria dar a silhueta que eu precisava (também já falei dele aqui no blog).


    Portanto a única roupa de baixo que tive que fazer foi a chemisette (espécie de camisa curta pra ser usada por baixo do vestido). Foi uma peça super simples de fazer, ela é fechada na parte de baixo por fitas de viés costurado, e na gola com colchete. Como referência, além das imagens do filme usei também essa peça  e essa página do livro da Janet Arnold.

Resultado final


    Eu fiquei bem satisfeita! Gostei de como o caimento ficou... Fiquei aliviada porque eu mal tive tempo de provar o traje antes de usá-lo. Também consigo perceber como melhorei em relação ao traje da Victoria, que foi o primeiro que eu fiz. As únicas coisas que pretendo mudar com mais calma é o franzido das mangas, que pretendo fazer à mão e também o viés do corpete, que pretendo substituir por um do mesmo tecido que o resto do vestido. Ainda não sei se troco o zíper por botões ou se deixo assim mesmo. Preciso agradecer a Pauline dos Diários Anacrônicos que me ajudou a passar as pregas da saia, uma roupa bem passada é outro nível, rs. 

Ficha do Desafio de Costura Histórica: 



Número do desafio: #6: Fora da sua zona de conforto 
Tecido: lã sintética, tricoline, percal
Molde: Feito por mim.
Ano da peça: 1840-1850
Materiais utilizados: Viés de cetim, colchetes, botões, renda de tule, zíper, viés de algodão, barbatanas de plástico
Quão historicamente correto é?: 40%*
Total de horas para finalização: perdi a conta, rs, algo entre 10h e 15h, talvez
Quando utilizou pela primeira vez: 21 de junho, no 4º encontro vitoriano de Florianópolis
Custo total: cerca de R$65 (praticamente só gastei com o tecido xadrez)

*Como eu calculo a acuidade histórica: 25% aparência, 25% materiais, 25% técnicas, 25% modelagem
Referências:

Apostila de modelagem ETEC
Cinemattire 
Costumer's Guide
Historical Sewing
Miss Macraes's blog
Patterns of Fashion, Janet Arnold
The Cut of Women's Clothes, Norah Waugh


sábado, 13 de junho de 2015

Recriação Histórica: comportamento e etiqueta do século XIX em Our Deportment, parte I

Parte 1 : Comportamento - geral.


     Our Deportment foi um livro escrito por John H. Young. Foi publicado nos Estados Unidos em 1879 e a edição que eu li foi a de 1881. O livro apresenta diversas regras de etiqueta e conduta nos seguintes assuntos:  boas maneiras, apresentações, saudações, etiqueta em visitas, cartões, conversação, jantares, recepções, festas e  bailes, na rua e em espaços públicos, ao montar e dirigir, corte, casamento, vida doméstica, educação feminina, cartas,  regras gerais de conduta, nascimentos, funerais, negócios, vestimenta, higiene, jogos e linguagem das flores e pedras preciosas. 
     Ou seja, o livro abrange praticamente qualquer situação em que as pessoas precisem interagir e diz qual é a melhor forma de fazer isso.

     Esse livro é bem extenso (tem cerca de 430 páginas) e eu não o li de cabo à rabo, fui selecionando as partes que eu considerei mais relevantes para a minha persona e também o que poderia ser aplicado aos dias de hoje; sem a intenção de fazer um resumo de tudo o que é dito até porque o livro vai direto ao ponto, sem enrolações. Eu vou dividir as minhas anotações sobre esse livro em três partes: uma sobre comportamento, outra sobre encontros, e a última sobre vestimenta/aparência.

    Em Our Deporment essas dicas e regras não são dadas de uma forma tão imperial como eu coloquei aqui no texto. Adaptei a tradução dessa maneira e coloquei as informações em tópicos porque assim eu me lembraria do conceito mais facilmente. Espero que esse formato também seja melhor pra quem estiver lendo. 

Prefácio e introdução:

     "Nenhum assunto é mais importante para a maioria das pessoas que o conhecimento das regras, costumes e cerimônias da boa sociedade, que são comumente expressados através da palavra 'Etiqueta'. [...] Essas regras fazem a interação social algo mais agradável e facilita hospitalidades, quando todos os membros da sociedade consideram essas regras importantes e as seguem fielmente." A moral não pode ser desassociada das boas maneiras, que são adquiriadas por meio da educação e observação.

Capítulo II: Nossas boas maneiras

     As características mais marcantes de uma dama envolvem uma ascensão espiritual. 

- a paciência, generosidade e bondade são elementos que formam a virtude de uma mulher. 

Capítulo XXL: A educação superior* das mulheres



- Uma mulher deve ter conhecimentos em fisiologia, higiene e saúde para poder cuidar de seus filhos.
- É bom que a mulher tenha um bom senso de independência. Esse bom senso pode por exemplo ajudá-la para que possa gerir um negócio e suas finanças caso seja necessário.

Capítulo XXII: A Arte de escrever cartas 

- Nunca use abreviações.
- Os números, exceto os relacionados a datas, devem ser escritos por extenso.
- O papel utilizado deve ser branco e de boa qualidade.
- Na carta entre amigos, é de bom tom falar sobre assuntos em comum, e não se deve demorar muito pra respondê-la.


Capitulo XXIII: Regras gerais de conduta






- Em grupos, deve-se dar a mesma atenção para todos.
- Uma mulher sempre deve saber dançar, quer queira dançar em público ou não. Algum outro exercício para fortalecer os músculos também é recomendado.
- Uma mulher bem educada não se senta de pernas cruzadas.
- Trocadilhos são sempre considerados vulgar.
- A supressão da emoção é a marca das boas maneiras.
- Para ser um bom ouvinte é necessário não apenas ouvir, mas demonstrar interesse na conversa
- Ter uma aparência agradável e falar gentilmente é um dever que temos para com os outros.
- Nunca afete superioridade, trate as pessoas em uma posição social abaixo da sua com cortesia e igualdade.
- Nunca contradiga alguém diretamente. Diga: "Desculpe-me, mas eu acredito que você está enganado ou mal informado".
- Seja sempre pontual. Não desperdice o tempo dos outros.
- Nunca tenha conversas privadas com alguém enquanto se está em grupo, nem faça alusões a coisas que só vocês dois saibam.
- Ao entrar em uma sala, dê um breve cumprimento a todos antes de falar com as pessoas individualmente.
- É falta de cortesia ficar olhando no relógio na presença de alguém.
- Não leia na companhia de outras pessoas.
- Não fique tocando nos ornamentos e móveis da casa que você está visitando.
- Não dê as costas pra alguém com quem está falando sem pedir licença antes.


* N.T.: Woman's higher education, no original. Não sei se a tradução que escolhi é a melhor.

      Espero que tenham gostado da seleção que eu fiz das regras de etiqueta. Pra quem se interessar e quiser saber mais, o livro pode ser lido na íntegra aqui (edição de 1881, usada como referência para esse post) e ser baixado em pdf aqui (edição de 1882). Quem preferir também pode comprá-lo na Amazon (edição de 1879)


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Persuasão: Livro e filme

"Não perdoara Anne Elliot. 
Ela o tinha feito sofrer; o deixara e o decepcionara. E pior, ela tinha demonstrado uma fraqueza de caráter ao fazê-lo que, para um temperamento confiante e decidido como o dele, era insuportável. Ela desistira dele para agradar a outros. Tinha sido o efeito de uma persuasão excessiva. Tinha sido fraqueza e timidez." 


Livro:

    O livro conta a história de Anne Elliot, a segunda filha de um baronete à beira da falência que é convencido a mudar-se para Bath para poder manter seu padrão de vida, alugando a casa em que moravam. Anne Elliot, ao invés de ir para Bath é convidada a passar algumas semanas com sua irmã mais nova, que mora em uma cidade vizinha.

    Acontece que a casa de Anne é alugada para o irmão do Capitão Wentworth, homem que 8 anos atrás pediu Anne em casamento mas que ela o recusou mesmo amando-o, porque foi persuadida por uma amiga da família chamada Lady Russel, que estava convencida de que Wentworth não era um bom partido por não ter dinheiro e boas relações.

    Não é imediatamente mas Wentworth e Anne acabam se encontrando novamente. Ele a trata sempre com educação porém com uma certa frieza, enquanto ela age da mesma forma mas em compensação podemos saber o que ela pensa, e como essa situação a deixa angustiada e triste. Já sobre Wentworth pouco sabemos, pois ele está sempre distante.

    No livro, cada personagem nos é apresentado de forma esmiuçada. Austen faz questão de gastar vários parágrafos descrevendo o caráter e personalidade de cada um, o que é ótimo! Um homem vaidoso, como Walter Elliot, uma mulher prática como Lady Russel, uma irmã egoísta, como Mary...são alguns dos julgamentos que ela faz dos personagens. 

    Anne é descrita como uma mulher de aparência comum, sem grandes atrativos, que acaba sendo deixada de lado pela sua própria família quando não pode ser útil (mas diga-se de passagem que na verdade Anne tenta sempre ser útil). É solitária mas ainda assim muito gentil com todos que se aproximam. Algo que a deixa melancólica é o fato de ela já estar passando da idade de casar (tem 27 anos), e estar sem perspectivas de encontrar um novo pretendente. 

    Gosto de Persuasão porque ele também parece ter um tom mais maduro, com uma porção maior de drama, em relação a outros livros da Jane Austen. É possível perceber o clima do livro pela citação que inicia esse post. Não é tão 'água com açúcar' como os outros que li dela (Northanger Abbey inclusive já comentei aqui no blog).

    Nele, Anne reflete bastante sobre a sua escolha e o fato de ter cedido à persuasão. O livro fala bastante sobre arrependimento, e sobre como Anne lamenta ter perdido o que acreditava ser a sua única oportunidade de ser feliz. É bem interessante ir notando o amadurecimento da personagem, que ocorre basicamente através de suas reflexões. 

    A reflexão que o livro traz em relação à persuasão (um tema recorrente na trama) por meio de diálogos dos personagens também é ótima. Jane Austen tem um talento especial para dizer muito da história apenas pelas conversas entre seus personagens. Para mim, a 'lição' do final é que você não precisa necessariamente se rebelar contra tudo e todos, mas que ter firmeza de caráter e manter-se fiel a seus sentimentos é essencial.

Citações do livro:

    "Agora, eram estranhos um ao outro; não, pior que estranhos, pois nunca poderiam se tornar próximos. Era um estranhamento perpétuo." 

    "Estou entre a agonia e a esperança"

    Persuasão foi publicado postumamente em 1817, sendo o último livro que Jane Austen deixou concluído. 


Filme de 1995


    Pra mim o destaque dessa adaptação é a fofura da atriz que interpreta a Anne. Ela representa bem a personagem como é descrita no livro, como uma mulher que já não é tão nova porém é bastante gentil e prestativa. 


   O figurino é bem caprichado e é possível ver vários spencers diferentes, acessórios para cabelo variado, etc... Fiquei com a impressão de que a Anne Elliot usava bastante tons claros, como azul, o que a deixava com um ar bem inocente. O filme no geral é bem fiel ao livro mas carece de emoção, não achei os atores carismáticos no geral.


Filme de 2007:


    O visual do filme em si é encantador, cheio de belas paisagens e cores vivas. Adorei a forma como a Anne olhava diretamente para a câmera algumas vezes enquanto ela refletia, e acredito que isso dava um ar bem profundo à cena apesar de ser intimidador no começo, rs. As cenas em que ela chorava também eram bem emocionantes. Mas confesso que por vezes me irritava a falta de reação da personagem, a atriz acabava ficando com cara de boba, coitada. Já a Lady Russel estava tão classuda! É bem como imaginei a personagem, como uma mulher mais velha mas e bem elegante. O ator que fez o Capitão Wentworth também foi uma boa escolha na minha opinião, conseguiu transmitir bem a personalidade mais reservada do personagem.  Além do mais, dá pra perceber que os atores que interpretam Anne e Wentworth tem mais 'química' que na versão anterior.


    Nessa versão existem algumas cenas acrescentadas que não estão no livro (como algumas em que o Capitão Wentworth conversa com seu amigo e a cena final), mas para mim essas mudanças foram pra melhor! Não tem como não se derreter com a última cena.
    O figurino desse filme é mais simples e eu diria até que, no caso das roupas da Anne, apagado. Creio que a intenção era fazer para ela um figurino (e penteados) mais básico mesmo como que para destacar a personalidade dela ao invés de sua aparência. Achei a trilha sonora bem bonita, muitas vezes era ela quem deixava algumas cenas angustiantes. Tem uma pequena amostra dela aqui.


    Sim, a versão de 2007 acabou sendo a minha favorita, rs. Achei o filme lindo, com bastante sentimento. Ainda assim acho que a de 1995 também tem seu charme, então, se você for ler o livro recomendo que veja as duas para comparar, ou então assista apenas a versão de 2007 caso seu interesse maior seja em filmes baseados na obra de Jane Austen.